21 de julho de 2005

Dia do amigo,

Estranhamente, meu dia do amigo começou com uma leve dor de estomago, este órgão temperamental. E, como parte amiga da minha sobrevivência, tive que ser compreensivo com ele e dar-lhe o tempo que ele necessita para se regularizar. Terminado esse faniquito desse amigo primal, recebi de um outro amigo - esse pessoa física, com C/C, CPF e CEP - uma mensagem instantânea pulsante na tela da minha conexão com a virtualidade a noticia que ele quer ir ao cinema com a minha companhia também física. Falei ao telefone com outro amigo, e ouvi com os olhos o problema digital de uma outra. Troquei comprimentos cordiais com outros conhecidos que transitam pelo meu mundo de recados rápidos e sonoros e fui á luta, enfrentar meu dragão do dia. Esquivada essa ligação telefônica o meu primeiro amigo do dia ainda se manifestou, fato pelo qual eu fiz meu segundo amigo esperar um pouco. Após muitas conversas chegamos á camarada sala de cinema assistindo um filme espanhol sensacional, os Inconscientes, que muito me fez bem. Pegamos uma colega do coração no caminho e sentamos no Braseiro, donde confabulamos e trocamos muitas idéias boas. Alias, muito boas. Pois amigo que é amigo fala mesmo, e tem que falar, de preferência, pra te adicionar, solver uma duvida ou expor um ponto de vista alheio á sua obstrução visual perante á vida. Inclusive, tomei uma chamada depois de um fato bem específico: Nossa amiga ia embora, pedimos a conta para reabri-la. Mas o garçon entendeu que estávamos indo embora (nada mais lógico) e ofereceu a mesa á outra pessoa. Pessoas nada amigáveis pularam na nossa mesa quando a conta quitada se foi e eu me senti acuado e, vacilando, cedi a mesa para os desesperados e desavisados. Tomei uma bela chamada dos meus amigos, que, mesmo tendo entendido que eu fui “legal” com as pessoas acham que eu tenho que impor mais minha vontade, em tudo (!) daí seguimos para tomar um café no Letras e “Depressões”. Lá o papo evoluiu mais ainda, e para minha melhor surpresa, reencontrei uma outra amiga, cúmplice de ofício artístico, que me injetou vontade, me falou sobre propósito, motivação, posicionamento, me presenteou com um poema e um livro. Um dia do amigo incrivelmente solidário e especial. O poema não é pessoal para mim, mas me foi agraciado num momento de profundo questionamento meu com outros amigos, parentes, ex-amigos, ex-colegas de profissão, e sobre tudo, comigo mesmo. Ele assim diz:
“Quando eu desejo pra você o que você deseja pra você, eu estou te amando. Quando eu desejo pra você o que eu desejo pra você, eu estou me amando através de você.”
Eu adiciono: “E vice-versa . . .”
Donde eu concluo que, nem sempre no dia do amigo o primeiro amigo é o amigo que mais vai te dar alegria, mas que no fim do dia, o ultimo amigo que você nunca esperava estar contigo é o que mais vai trazer coisas boas. Não que outros não tragam, é tão bom quando você não espera por nada, não se compromete á esperar das pessoas que você ama algo delas, e é dessa forma que elas te surpreendem e demonstram amor. . .
O Sono não me permite elaborar mais . . . Seja compreensivo, leitor. Seja amigo.