12 de junho de 2006

Um dia muito difícil
Não foi a toa que acordei com aquela sensação de tinha tido um pesadelo, mas que não lembrava como havia sido. Era um prenuncio de um dia muito difícil que se anunciava. Não que o dia anterior tivesse sido maravilhoso, mas pelo menos eu havia dado uma volta com amigos, mesmo que voltado cedo pra casa. Depois da meia noite (ou seja, quando começou tecnicamente o tal dia difícil) tentei em vão me comunicar com as pessoas na rua. Algumas prometiam retorno, outras me diziam pra onde estavam indo, como se eu fosse um habituê da noite carioca, mas não conheço mais nada. Fosse como fosse, resolvi dar vez aos que disseram retornar. Dormi e acordei de manhã com aquela sensação já descrita.
O sol do dia difícil até que estava bonito, mas mal pude aproveitá-lo, minha irmã agora partia para Brasília com seu comboio de malas. Logo depois resolvi conversar com alguns amigos no MSN, disparei torpedos convidando pessoas para andar no calçadão ou pegar uma praia, mas infrutífero. Acabei dando uma volta com um amigo, tentamos chorar nossas magoas, mas me parece que foi pior do que falar de amenidades e fingir que nada nos aflige.
Então realmente tive a parte dramática do dia. Fui pegar uma pequena sacola de roupas que ela trouxe de sampa. Sim, ela veio a trabalho pro Rio. Não nos falamos nos dois dias anteriores, mas podíamos sentir, inquietos a presença um do outro na mesma cidade, na mesma zona sul. Encontrei com ela. Ela está bem. Muito bem. Parece que recebeu uma carta de alforria. Esta mais magra, super bem vestidinha. Não brigamos, tentamos ser impessoais, mas conversamos, tomamos café, rimos, choramos... Doeu muito a despedida. E vê-la tão bem me fez perceber que eu já deveria ter feito isso, de deixá-la livre , a muito mais tempo. Não consegui parar de chorar durante quatro horas. Mas foi bom assim, solta, liberta.
Começo a me organizar pra ir pro meu novo trabalho de tirar fotos na night prum site . Começa a chover. Chego na gávea, já molhado e descubro que o evento foi cancelado. Passo no baixo gávea para ver se faço uma hora pra esperar a chuva passar, mas apesar de conhecidos nas mesas, nenhuma me foi convidativa. Fico então sentado naquele famoso ponto de ônibus da praça Santos Dumont esperando um circular, ensopado.
Chego em casa e descubro que ainda preciso conseguir sono pra atravessar o resto da madrugada, que, apesar de não ser mais parte do dia difícil, retêm a energia do que havia passado. E hoje, a chuva não cessa, me recordando de como foi esse dia difícil que passou por cima de minha alma e me deixou amassado, molhado, do avesso, engasgado.