28 de abril de 2010
"FLOR-DE-MAIO" de Rubem Braga
Entre tantas noticias do jornal — o crime do Sacopã,o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão, a angústia dos Barnabés — há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram.
Não vem do gabinete do prefeito para explicar a falta dágua, nem do Ministério da Guerra para insinuar que o país está em paz. Não conta incidentes de fronteira nem desastre de avião. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e nos informa gravemente que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada “flor-de-maio” está, efetivamente, em flor.
Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar.
Agora, já desce a noite, e as plantas em flor devem ser vistas pela manhã ou à tarde, quando há sol — ou mesmo quando a chuva as despenca e elas soluçam no vento, e choram gotas e flores no chão.
Suspiro e digo comigo mesmo — que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi — um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam. Qualquer uma destas tardes é possível que me dê vontade real, imperiosa, de ir ao Jardim Botânico, mas então será tarde, não haverá mais “flor-de-mato , e então pensarei que é preciso esperar a vinda de outro outono, e no outro outono posso estar em outra cidade em que não haja outono em maio, e sem outono em maio não sei se em alguma cidade haverá essa “flor-de-maio”.
No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém — uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire desta crônica a sua única substância, a informação precisa e preciosa: do dia 27 em diante as “flores-de-maio” do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a “flor-de-maio” — talvez com a mulher e as crianças, talvez com a namorada, talvez só.
Ir só, no fim da tarde, ver a “flor-de-maio”; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido, e que vale a pena viver entre tantos sacopãs de paixões desgraçadas e tantas COFAPs de preços irritantes; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica."
Será que tem flor-de-maio nesse mês, vô ?
1 de abril de 2010
Meu TCC
"Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade."
RAINER MARIA RILKE
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
UniverCidade - Unidade Ipanema
CURSO DE TEATRO
covida
DEFESAS DE TCC
D.ZASTROZZI
De DANIEL BRAGA
Orientação: VÍTOR LEMOS
Banca: MARIA ASSUNÇÃO e OSCAR SARAIVA
Dia 05 de abril, segunda-feira às 20h30
Local: SALA A503 Prédio A (Anexo) Rua Alm Sadock Sá, 318 Ipanema
Meu projeto de criação é uma cena de comédia dramática em cima do texto Zastrozzi de George F. Walker, especialmente o monólogo de apresentação da personagem principal (o próprio Zastrozzi). Em discurso dado por meio de uma seqüência de ações físicas, quero explorar as nuâncias da construção da personagem em diálogo com o próprio processo de criação. Pretendo me inserir e modificar o contexto da situação cênica ao analisá-la durante o processo. Ruídos sobre a composição em si, talvez em metalinguagem ou quebra direta da linha dramática ficcional da peça de Walker podem ocorrer, como o monólogo de abertura de Bernardo, mas o centro da cena é a composição de Zastrozzi de forma autoral. Por isso D. Zastrozzi (Desastroso; Daniel-Zastrozzi, Desastre).
Agradecimentos do Projeto (escrito em final de Outubro de 2009)
Para Ana Augusta de Medeiros, minha mãe, Julia de Medeiros Braga, minha irmã e Marina de Medeiros Braga, minha sobrinha, com meu amor incondicional;
Para Demétrio Nicolau, meu primeiro professor de teatro, Suzanna Kruger, Daniel Herz, Gerald Thomas e Matheus Nastergali e Ana Kfouri, professores subseqüentes;
Para Carlos "Damião" Wilson (In memoriam), meu primeiro e breve mestre no teatro e seu discípulo Michel Bercovitch, meu segundo mestre;
Para todos os professores do curso, mas principalmente Regina Lucatto, Marli Santoro de Brito, Danuza Sartori, Ricardo Gomes, Luca de Castro, Maria Assunção, Jorge Vasconcelos, Ana Luisa Cardoso e em especial Andréa Maciel, André Gardel, Márcia Rubin, Monnica Emílio, Oscar Saraiva e Fabio Ferreira, que me apontaram importantes caminhos, acreditaram quando duvidaram de mim e continuaram acreditando quando até eu duvidei de minha capacidade.
Para Helena Varvaki e Fred Tolipan, meus novos mestres, que com quem tanto aprendi, também por colocarem barreiras e até sugerirem que eu revisse minha condição de aluno e ator, e, por detrás dessa severidade e compromisso com o curso, me surpreenderam com um carinho imenso.
Para Thereza Rocha, mestra e amiga, divisora de águas, pelos mesmos motivos acima e sem a qual nada disso teria acontecido.
Para Vítor Lemos, coordenador, professor, orientador e mestre, com muita admiração e uma gratidão, figura presente em todas as minhas bancas, cenas finais, aventuras e desventuras, desastres e descobertas nesse curso, desde o começo até hoje.
Para Ruth Ribeiro, pelo trabalho terapêutico, analítico e pela companhia no pensar a arte.
Para os meus amigos André Cavalcanti, Brunno MacCord, Beatriz Benjamin, Daniele Avila, Pitty Webo, Patrícia Gazoni e Isabel Pacheco, pela força e carinho para que eu seguisse meu sonho e ingressasse e percorresse este curso.
Para meus colegas de curso Jonathan Azevedo, Andressa Bottino, Luiza Vasconcellos, João Guióia, Clarisse Goldberg, Ana Fonte, Pedro Calazan, Jeyse Valente, André Peregrino, Isabella Rodrigues, Sabrina Braga, Aline Menezes, Mariana Amaral, Teresa Tostes, Zoatha David e Jonas de Sá por todos os momentos, com muita alegria.
Para Felipe Cavalcanti, Thadeu Meirelles, Ronaldo Salles, meus compreensivos e divertidos chefes no estágio no VT e, mais que todos, Rafael Dias, meu chefe atual, que aceitou minha inscrição no começo e que acolheu, com muita compreensão, paciência, tranqüilidade e a forma profissional, possibilitando pagar grande parte dos meus estudos com o meu suor de trabalho, especialmente nessa etapa final, alem de me proporcionar uma nova profissão.
Para meus companheiros de estágio, pela companhia, compreensão e momentos inesquecíveis de trabalho e diversão
e
Para meus dois maiores e melhores amigos no curso: Alex Reis e Pedro Emanuel Marques, com admiração, carinho, amizade, ternura e companheirismo. Sempre serei seu camarada, amigões.
Esse trabalho é dedicado a vocês todos. Sem exceções. Obrigado de corpo e coração.