Esse texto foi criado em forma de colagem utilizando apenas as palavras (na ordem que eu quisesse) de Hamlet Machine de Heiner Miller como um monólogo do personagem Claudius, o tio de Hamlet
para montagem dessa peça .
"O meu papel no drama de Hamlet não é nada. Meu drama é a revolta contra o governo da casa, contra uma dúzia de atores de televisão. Grito na ânsia por mais poder.
Na luta por postos, votos , contas bancarias, penduro pelos pés a minha carne uniformizada. Sou o homem blindado, um edifício de pedra, a pele impermeável, a prova de bala. Meu ego atrás da caixa, sangrando frente aos meus pensamentos contra mim mesmo.
Não interessa. Começa-se a desarmar a cena. Meu papel realizar-se-ia na época da rebelião. O tempo apropriado para a derrubada das normas de trabalho se aproxima. Morte aos líderes cadáveres.
Hoje entro nos orifícios arrojados das mulheres da platéia. Vejo-me entre três delas. Sem cortejo, sugam com a boca o meu monumento oficial. Apelos por mais saliva. Ecos de gargalhadas.
Sou reverenciado pela multidão de hipócritas. Não alimento prisioneiros. Mato os que não estão de acordo com minhas mentiras. Sou a faca de escrever, o atirador de dados marcados.
A dignidade apodrece lenta no consumo nosso de cada dia. A petrificada prisão de mim mesmo jaz secreta. Perdeu-se a alegria. Esperança? Não importa mais. "
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