8 de julho de 2010

três miserias

Irrelevante se vai ser provado que se é culpado ou inocente, isso , até onde se sabe é trabalho de outro poder que não o quarto, mas este, a imprensa em geral, quer vender noticia com suas manchetes sensacionalistas, como no caso da menina que disse que foi atacada por neo-nazistas e a mídia brasileira comprou o babado e não fez um mea culpa até hoje.

É vergonhoso ver o mesmo erro se repetindo, os meios de comunicação, bancados por corporações com interesses financeiros mefistólicas corrompem os editores e jornalistas faustinos e por sequencia as pessoas que consomem noticia, emulando até no seu espaço pessoal opiniões impensadas, reações sem medir sua sinistra consequencia.

O mais engraçado é, se você comenta isso, de que a manchete acusa, julga, mas o texto da noticia ratifica, todo mundo acha normal "Ah, a imprensa exagera pra vender...."

E vai assim, seguindo esse Panis et Circensis que nem pão e circo é, porque pão ainda alimenta e machete sensacionalista corrompe, circo hoje é lúdico e o espetáculo de vozes querendo sangue (mal sabendo que usam o indiciado como bode expiatório para, na catarse, expiar suas mazelas).

No final, tudo é sacrifico, antes, porém, as sociedades eram mais evoluídas, sacrificavam um cidadão conscientemente, para aplacar seus temores  em relação as suas miserias existenciais: O outro, os outros seres que não de sua especie e o clima. Agora é o sacrifício manipulado que balançamos em nossas arvores como macacos gritando "culpado! culpado! culpado! fogueira! corte-lhe a cabeça! Morte! Sangue!!!!"

ROSEBUD e o BIG BROTHER ganharam.


Eu, fico com as palavras de um homem de teatro,  olhando para elas e vendo a peça se repetir, se repetir....

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertolt Brecht, (10.02.1898 - 04.08.1956). Teatrólogo e poeta alemão. 

Não vou corrigir o texto, cansei de tentar o acerto, estou afim de errar. Espero estar errado e o cara ser tudo isso que estão ganhando dinheiro pintando dele. Mas se não for, vai ser uma ironia que se perderá mais uma vez na "história". Afinal, alguém já leu "fulano é indenizado por jornal tal, tal e tal por calunia e difamação"

Não né? O lugar que devia ser o mais revolucionário, aquele do trovador, do mensageiro divino, foi comprado. Triste. "Tá dominado, ta TUDO dominado!"
Por favor, não estou defendendo o sujeito, nesse ou em qualquer outro caso....
Só quero tentar apontar pro direito do cidadão de ser inocente até que se prove LEGALMENTE o contrário desce pelo ralo junto com seu sangue, pelo simples prazer de se vender uma manchete.

2 comentários:

Conquén disse...

Somos seres do espetáculo, eu mesmo tento produzir espetáculos ( cinema)
E nesse espetáculo a verdade (e ela existe: tenta acertar uma pedra na sua cabeça para ver se não dói de verdade) parece se moldar a soma de jornais vendidos, ou ao numero de acessos em um blog, ou no youtube.
ta ai no que isso vai dar.

Ainda bem que tenho uma cachoeira num lugar não tão perto daqui, para sentir a verdade das águas geladas sobre o meu corpo

Clarice disse...

O problema, caro Dani, que está por trás desta e de outras manchetes do momento é a violência contra a mulher.

Nada de novo no front, a miséria existencial continua. Se possível, aplastando o ser feminino, em primeiro lugar.

Isso, para mim, é um sintoma de uma enfermidade social que me indigna muitíssimo. Seja quem for o culpado: o crime tá feito. A vítima? Putz...