Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
18 de novembro de 2014
17 de novembro de 2014
tomada de consciência
Uma conhecida estava reclamando do "feriado de Zumbi", que cai na véspera do aniversário de sua mãe, coisa que eu sei e vivo, pois a véspera do meu é o feriado da proclamação da República, geralmente, todo mundo viaja e minhas últimas tentativas de festas têm sido um total fracasso. A última foi a dois anos atrás, literalmente, não foi ninguém.
Eu estava sorrindo e considerando o ponto de vista dela quando ela continuou
" A minha mãe fala ' Que que eu tenho com esse feriado? '" ( Ela abaixa a voz) " Zumbi era preto, viado, Era líder de Palmares que ...'"
Não aguentei e interrompi com uma certa agressividade na minha voz ".. Que foi a primeira democracia do Brasil..."
Ela ficou atônita. Continuei agora mais sereno : " Sim, Palmares foi a primeira tentativa de democracia do Brasil, pouca gente sabe, normal.."
" Eu achava que era a coisa lá de escravos"
Interrompo de novo " Sim, era um refúgio de escravizados, mas tinha Branco, tinha Índio, tinha a p**** toda! Zumbi é um símbolo como Tiradentes, que talvez precisamos nos debruçar agora com mais atenção para uma tomada de consciência..." Interrompo antes que eu volte a ficar mais agressivo. Ficamos quase um minuto em silêncio.
Estávamos num ambiente social privilegiado em que dois negros trabalhavam instalando um telhado, enquanto nós treinávamos numa piscina. Olhei para os dois lá em cima, suspirei.
" Realmente você pode ficar indignado com mais um feriado que você acha que não tem nada a ver com você, é uma questão de escolha. Ou você pode tentar por um minuto deste feriado, por que diabos nos empurram isso no calendário. Acho que se você parar pra pensar nisso, de quanto existe uma separação socio-étnica na nossa sociedade, que ela é velada e encontra muita resistência nos nossos pensamentos imediatos... Bem, ai sim, vai ter valido a pena parar um dia de autômato pra pensar. Ainda dá pra curtir o dia, ver as árvores, tomar um chopp, mergulhar no mar, beijar... E respeitar o ser humano dentro de sua diferença. Essa condição insatisfeita da busca pela felicidade individualista já falhou, a verdadeira busca agora é se colocar no lugar do outro. "
Passam uns minutos, treinamos. Depois falamos de outros assuntos, amenidades e rimos de nós mesmos no treino. Começo a pensar no lugar que estou , como sou privilegiado, mas ao mesmo tempo, do quanto eu gosto dos meus amigos e conhecidos de lugares e formas diferentes de pensar. Como pessoas que são "pretas e viadas" são importantes e como tenho carinho por elas, como gostaria que elas não sofressem no seu dia a dia esse preconceito velado e resistente.
Penso no meu ambiente de trabalho e vejo uma supremacia branca quase sem exceções, que apenas confirmam a regra. Lembro que um colega de trabalho criticou da mesma forma "bem humorada" o cabelo black de duas crianças na tevê. Ele não faz a menor ideia do tipo de pensamento que ele está emulando. E se perguntado, dirá que não é uma pessoa preconceituosa.
Aliás, a questão é essa: Estamos inertes numa sociedade com pensamentos e práticas preconceituosas, repetimos e consagramos as mesmas, sem sequer percebê-las. Talvez essa seja a real importância de nos obrigarmos a parar de agir sem pensar e pensarmos juntos...
4 de novembro de 2014
Recado aos colegas de artes cênicas do Rio
Atores cariocas, meus colegas de
ofícios: Não adianta ficar nos testes, emissoras etc. reclamando, pra mudar os
"pequenos abusos" é preciso se unir e não ficar esperando que a
mudança venha das empresas e empregadores que estão vendo o lado deles. Nem esperar o sindicato, este está mergulhado em burocracia e precisa de parcerias participativas, não mais reclamações de insatifeitos ou omissos. É
preciso apresentar as suas questões coletivamente para políticos eleitos, se
unir como os garotos do reclame da cooperativa de sampa, dar um jeito que não
só aquela cara de insatisfaçao ou aquele dar de ombros de “não tenho nada com
isso...”
É preciso gerar uma corrente de
conscientização e união para não sermos mais obrigados a passar por
constragimentos e pra termos os mesmos direitos que os nossos vizinhos
paulistanos.
Sem esforço a parada não vai.
Ai você pergunta
" Quem esse chato tá pensando que é ?"
E eu respondo
"O seu colega de trabalho que quer melhorar com você o seu trabalho" :D
Não gostou? Se ofendeu? Me ignora. Nos faça esse favor.
Ai você pergunta
" Quem esse chato tá pensando que é ?"
E eu respondo
"O seu colega de trabalho que quer melhorar com você o seu trabalho" :D
Não gostou? Se ofendeu? Me ignora. Nos faça esse favor.
2 de novembro de 2014
Primeira experiência democrática do Brasil
Primeira experiência democrática do Brasil
Em pleno século 17, no coração da América portuguesa, numa região que hoje pertence a Alagoas, ergue-se um Estado rebelde, independente e completamente livre da escravidão, das “leis” e da opressão da coroa portuguesa.
Os cidadãos de várias etnias (negros em sua grande maioria) que ali habitavam tinham o seu próprio comércio, seus próprios códigos de conduta e respeito mútuo, e uma soberana forma de viver. Mantinham contatos com estados vizinhos e articulavam fugas de escravos, a quem davam proteção e ajuda. Foi neste lugar que o grande líder palmarino organizou e mobilizou seu povo contra ataques de poderosos senhores de engenho e o poder colonial português.
Infelizmente a mais temida, democrática e livre povoação de escravos fugidos que existiu no Brasil foi completamente destruída em 1694 por bandeirantes comandados pelo assassino profissional Domingos Jorge Velho.
Apontado o seu esconderijo por um ex-companheiro preso e barbaramente torturado pelos sequazes de Domingos Jorge Velho, Zumbi caiu nas mãos do adversário e foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695. Em sua homenagem o movimento negro adotou essa data como o Dia da Consciência Negra.
O ataque decisivo aos Palmares realizou-se nos primeiros meses de 1694. Segundo relato dos próprios inimigos, os quilombolas resistiram com determinação extrema, usando armas de fogo e flechas, água fervente e brasas acesas. Sem dúvida foi o mais belo e heróico de todos os protestos dos escravos no Brasil.
Os bandeirantes: falácia e fato
Os homens que participavam das Bandeiras eram em sua maioria mestiços, rudes e pobres que vagavam pelos sertões em busca da sobrevivência econômica, fosse escravizando índios e escravos fugidos, ou procurando metais preciosos. Alguns ultrapassaram a linha do Meridiano de Tordesilhas e conquistaram (inconscientemente) a maior parte do Brasil atual para o domínio português; fizeram-no, entretanto, como um subproduto da luta desesperada pela sobrevivência.
Em apenas três décadas, as primeiras do século 17, os bandeirantes e seus ajudantes mamelucos mataram e escravizaram cerca de 500 mil índios, destruindo mais de 50 reduções jesuíticas.
Porém, ainda no século XVII, os historiadores, Afonso Taunay e Alfredo Ellis Jr., deram início à fabricação do "mito bandeirante" que conhecemos hoje em dia.
Os documentos que eles publicaram revelam uma saga de horrores (alguns bandeirantes tinham como hábito cortar e salgar orelhas de índios abatidos, guardando-as como troféu de guerra). Ainda assim, Taunay e Ellis Jr. preferiram forjar a imagem dos bandeirantes altivos e galhardos, mesmo sabendo que esses caçadores de homens estavam especialmente treinados para escravizar e matar.
Justas e injustas homenagens – O que nos deixa entristecido é saber que, no Brasil, inúmeras homenagens são prestadas aos violentos bandeirantes e quase nenhuma a quem lutou por liberdade, com coragem e determinação, e ajudou inúmeros outros seres humanos a viverem com mais dignidade.
Em várias cidades brasileiras podem-se ver nomes de ruas, bustos e esculturas imensas de representantes dos sanguinários bandeirantes. Raposo Tavares, Borba Gato, Bartolomeu Bueno, Garcia Rodrigues e até mesmo Domingos Jorge Velho são reverenciados Brasil afora em gigantescas imagens esculpidas ou em nomes de avenidas e ruas movimentadas.
Progresso
Em 2003, no dia 9 de Janeiro, a lei 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da História e cultura Afro-Brasileira. São abordados temas como a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do negro no mercado de trabalho, discriminação, identificação de etnias etc.
Em 2011, a presidente Dilma Roussef sancionou a lei 12.519/2011, lei que criou a data, mas que não obriga que ela seja feriado. Isso significa que ser feriado ou não vai variar de cidade para cidade. O Dia da Consciência Negra é um feriado em mais de 800 cidades brasileiras.
Como tudo aconteceu:
1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o Quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravizados, alguns portugues, indios e mestiços Palmares é a Terra da Liberdade .
1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro.
1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares.
1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares
1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim.
1670: Zumbi foge, regressa a Palmares.
1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar.
1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.
1680: Zumbi lidera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.
1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir. 1695, 20 de Novembro: Zumbi é localizado, preso e degolado.
"Precisamos desenterrar os heróis do Brasil... Herói morto não voa"
Tizumba
Em pleno século 17, no coração da América portuguesa, numa região que hoje pertence a Alagoas, ergue-se um Estado rebelde, independente e completamente livre da escravidão, das “leis” e da opressão da coroa portuguesa.
Os cidadãos de várias etnias (negros em sua grande maioria) que ali habitavam tinham o seu próprio comércio, seus próprios códigos de conduta e respeito mútuo, e uma soberana forma de viver. Mantinham contatos com estados vizinhos e articulavam fugas de escravos, a quem davam proteção e ajuda. Foi neste lugar que o grande líder palmarino organizou e mobilizou seu povo contra ataques de poderosos senhores de engenho e o poder colonial português.
Infelizmente a mais temida, democrática e livre povoação de escravos fugidos que existiu no Brasil foi completamente destruída em 1694 por bandeirantes comandados pelo assassino profissional Domingos Jorge Velho.
Apontado o seu esconderijo por um ex-companheiro preso e barbaramente torturado pelos sequazes de Domingos Jorge Velho, Zumbi caiu nas mãos do adversário e foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695. Em sua homenagem o movimento negro adotou essa data como o Dia da Consciência Negra.
O ataque decisivo aos Palmares realizou-se nos primeiros meses de 1694. Segundo relato dos próprios inimigos, os quilombolas resistiram com determinação extrema, usando armas de fogo e flechas, água fervente e brasas acesas. Sem dúvida foi o mais belo e heróico de todos os protestos dos escravos no Brasil.
Os bandeirantes: falácia e fato
Os homens que participavam das Bandeiras eram em sua maioria mestiços, rudes e pobres que vagavam pelos sertões em busca da sobrevivência econômica, fosse escravizando índios e escravos fugidos, ou procurando metais preciosos. Alguns ultrapassaram a linha do Meridiano de Tordesilhas e conquistaram (inconscientemente) a maior parte do Brasil atual para o domínio português; fizeram-no, entretanto, como um subproduto da luta desesperada pela sobrevivência.
Em apenas três décadas, as primeiras do século 17, os bandeirantes e seus ajudantes mamelucos mataram e escravizaram cerca de 500 mil índios, destruindo mais de 50 reduções jesuíticas.
Porém, ainda no século XVII, os historiadores, Afonso Taunay e Alfredo Ellis Jr., deram início à fabricação do "mito bandeirante" que conhecemos hoje em dia.
Os documentos que eles publicaram revelam uma saga de horrores (alguns bandeirantes tinham como hábito cortar e salgar orelhas de índios abatidos, guardando-as como troféu de guerra). Ainda assim, Taunay e Ellis Jr. preferiram forjar a imagem dos bandeirantes altivos e galhardos, mesmo sabendo que esses caçadores de homens estavam especialmente treinados para escravizar e matar.
Justas e injustas homenagens – O que nos deixa entristecido é saber que, no Brasil, inúmeras homenagens são prestadas aos violentos bandeirantes e quase nenhuma a quem lutou por liberdade, com coragem e determinação, e ajudou inúmeros outros seres humanos a viverem com mais dignidade.
Em várias cidades brasileiras podem-se ver nomes de ruas, bustos e esculturas imensas de representantes dos sanguinários bandeirantes. Raposo Tavares, Borba Gato, Bartolomeu Bueno, Garcia Rodrigues e até mesmo Domingos Jorge Velho são reverenciados Brasil afora em gigantescas imagens esculpidas ou em nomes de avenidas e ruas movimentadas.
Progresso
Em 2003, no dia 9 de Janeiro, a lei 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da História e cultura Afro-Brasileira. São abordados temas como a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do negro no mercado de trabalho, discriminação, identificação de etnias etc.
Em 2011, a presidente Dilma Roussef sancionou a lei 12.519/2011, lei que criou a data, mas que não obriga que ela seja feriado. Isso significa que ser feriado ou não vai variar de cidade para cidade. O Dia da Consciência Negra é um feriado em mais de 800 cidades brasileiras.
Como tudo aconteceu:
1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o Quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravizados, alguns portugues, indios e mestiços Palmares é a Terra da Liberdade .
1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro.
1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares.
1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares
1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim.
1670: Zumbi foge, regressa a Palmares.
1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar.
1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.
1680: Zumbi lidera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.
1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir. 1695, 20 de Novembro: Zumbi é localizado, preso e degolado.
"Precisamos desenterrar os heróis do Brasil... Herói morto não voa"
Tizumba
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