2 de novembro de 2014

Primeira experiência democrática do Brasil

Primeira experiência democrática do Brasil

Em pleno século 17, no coração da América portuguesa, numa região que hoje pertence a Alagoas, ergue-se um Estado rebelde, independente e completamente livre da escravidão, das “leis” e da opressão da coroa portuguesa.

Os cidadãos de várias etnias (negros em sua grande maioria) que ali habitavam tinham o seu próprio comércio, seus próprios códigos de conduta e respeito mútuo, e uma soberana forma de viver. Mantinham contatos com estados vizinhos e articulavam fugas de escravos, a quem davam proteção e ajuda.  Foi neste lugar que o grande líder palmarino organizou e mobilizou seu povo contra ataques de poderosos senhores de engenho e o poder colonial português.

Infelizmente a mais temida, democrática e livre povoação de escravos fugidos que existiu no Brasil foi completamente destruída em 1694 por bandeirantes comandados pelo assassino profissional Domingos Jorge Velho.

Apontado o seu esconderijo por um ex-companheiro preso e barbaramente torturado pelos sequazes de Domingos Jorge Velho, Zumbi caiu nas mãos do adversário e foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695. Em sua homenagem o movimento negro adotou essa data como o Dia da Consciência Negra.

O ataque decisivo aos Palmares realizou-se nos primeiros meses de 1694. Segundo relato dos próprios inimigos, os quilombolas resistiram com determinação extrema, usando armas de fogo e flechas, água fervente e brasas acesas. Sem dúvida foi o mais belo e heróico de todos os protestos dos escravos no Brasil.


Os bandeirantes: falácia e fato

Os homens que participavam das Bandeiras eram em sua maioria mestiços, rudes e pobres que vagavam pelos sertões em busca da sobrevivência econômica, fosse escravizando índios e  escravos fugidos, ou  procurando metais preciosos. Alguns ultrapassaram a linha do Meridiano de Tordesilhas e conquistaram (inconscientemente) a maior parte do Brasil atual para o domínio português; fizeram-no, entretanto, como um subproduto da luta desesperada pela sobrevivência.

Em apenas três décadas, as primeiras do século 17, os bandeirantes e seus ajudantes mamelucos mataram e escravizaram cerca de 500 mil índios, destruindo mais de 50 reduções jesuíticas.
Porém, ainda no século XVII, os historiadores, Afonso Taunay e Alfredo Ellis Jr., deram início à fabricação do "mito bandeirante" que conhecemos hoje em dia.

Os documentos que eles publicaram revelam uma saga de horrores (alguns bandeirantes tinham como hábito cortar e salgar orelhas de índios abatidos, guardando-as como troféu de guerra). Ainda assim, Taunay e Ellis Jr. preferiram forjar a imagem dos bandeirantes altivos e galhardos, mesmo sabendo que esses caçadores de homens estavam especialmente treinados para escravizar e matar.

Justas e injustas homenagens – O que nos deixa entristecido é saber que, no Brasil, inúmeras homenagens são prestadas aos violentos bandeirantes e quase nenhuma a quem lutou por liberdade, com coragem e determinação, e ajudou inúmeros outros seres humanos a viverem com mais dignidade.

Em várias cidades brasileiras podem-se ver nomes de ruas, bustos e esculturas imensas de representantes dos sanguinários bandeirantes. Raposo Tavares, Borba Gato, Bartolomeu Bueno, Garcia Rodrigues e até mesmo Domingos Jorge Velho são reverenciados Brasil afora em gigantescas imagens esculpidas ou em nomes de avenidas e ruas  movimentadas.
  
Progresso



Em 2003, no dia 9 de Janeiro, a lei 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da História e cultura Afro-Brasileira. São abordados temas como a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do negro no mercado de trabalho, discriminação, identificação de etnias etc.

Em 2011, a presidente Dilma Roussef sancionou a lei 12.519/2011, lei que criou a data, mas que não obriga que ela seja feriado. Isso significa que ser feriado ou não vai variar de cidade para cidade. O Dia da Consciência Negra é um feriado em mais de 800 cidades brasileiras.

Como tudo aconteceu:

 1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o Quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravizados, alguns portugues, indios e mestiços Palmares é a Terra da Liberdade .  
1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro. 
1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares.
1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares
1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim.
1670: Zumbi foge, regressa a Palmares.
1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar.  
1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.
1680: Zumbi lidera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas.
1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir.  1695, 20 de Novembro:  Zumbi é localizado, preso e degolado.



"Precisamos desenterrar os heróis do Brasil... Herói morto não voa"  
Tizumba

Nenhum comentário: