O Rei de Ejigbô escolhe Onixegun como seu sucessor e herdeiro ou O
Legado de Oguiã
Elejigbô era um rei muito sábio e poderoso.
Reinando seus domínios e aconselhando os reinos
vizinhos.
Descobria os mistérios das cabeças feitas por Ajalá atráves dos Buzios d´Oráculo de Ifá, ajudava as pessoas
a caminharem seus Odús, cuidava dos Orís de seus filhos, dos filhos de seus
filhos e era reconhecido por todos como ético e bom.
Era chamado
então de Babalorixá, mas seu primeiro nome quando ainda era um Príncipe fora
Babaossãe, profundo conhecedor do poder curativo e terapêutico das plantas e
folhas.
Quando nascera entretetanto, para o mundo do Culto aos Orixás fora chamado de Ajagunã;
seu nome secreto, entretanto, poucos sabiam de fato.
Era humano, sem duvida, continha falhas, mas eram ínfimas diante do seu
saber e do bem que empregava, apenas àqueles com inveja e insegurança em seus
corações atentariam apenas a as falhas.
Era como o bambu, podia sempre vergar a qualquer brisa, mas nunca
quebrava nem mesmo sobre a mais afiada espada.
Um dia o Rei de Ejigbô recebeu em sua casa um jovem rapaz e o transformou
em seu pupilo. Este rapaz já era um tinha o potencial para seu mesmo poder real
e sacerdotal e tinha uma longa bagagem anterior de vivência no culto aos
ancestrais e a natureza, mas principalmente tinha o mesmo potencial para a ética e bondade de coração do Rei; isso trouxe mais uma vez a discórdia e a cizânia
entre aqueles que amavam e disputavam o amor do Elejigbô.
Apesar do Rei se esforçar para manter seu reino coeso, sabia que os
sentimentos humanos são por vezes instáveis demais e não podia contar com a paz
e harmonia o tempo todo, apenas no Xirê, nas grandes festas e funções conseguia
reunir tantas pessoas diferentes, e estas praticas seriam a maior lição que o
Rei poderia dar a seus filhos, aqueles que fossem atentos entenderiam seu
recado.
Assim, muito sábio e tranquilo, o Rei-que-vestia-branco continuou seus afazeres enquanto que
silenciosamente ensinava e mostrava sua sabedoria para o jovem rapaz. O Rei-do-Pilão levou o jovem até o Bambuzal de seu reino e o ensinou muitos segredos, inclusive, seu nome secreto. O rapaz
então mais que rapidamente despertou seu potencial com muita atenção e ajudando seus irmãos
assim como aqueles que o procuravam, que se tornavam seus filhos e súditos que já o consideravam também um Babalorixá, apesar de sua pouca idade de iniciação pelo Rei.
Um dia o Rei ficou doente, para o choque e desespero de seu reino.
Enquanto todos ficaram preocupados, o Rei se esforçou para preparar tudo
para sua partida para o mundo dos Orixás. Mas nem mesmo seu poder pode lidar
com a Morte e sua ida foi prematura.
Elejigbô se transformou num Orixá; Oxaguiã também conhecido como Oguiã . Seu coração, que
antes batia em um só corpo, passou a ressonar em todos aqueles que ele tocara e
cuidara.
Muito tristes porém com sua partida prematura, a maioria dos súditos mais antigos f partiram, sem dar ouvidos as mensagens de Oguiã pelo Ifá para que o jovem rapaz tornar-se
seu sucessor e herdeiro. Uma rápida
conspiração que não queria vê-lo como o novo Elejigbô se formou e nomeou um ainda mais novo e recém-iniciada como Babalaxé no lugar
do Rei. A conspiração acreditava que poderia assim poderiam dar um melhor caminho para o legado de Ejigbô. A conspiração então colocou sua posição de forma tão evidente que não queriam o jovem rapaz aprendiz do falecido Rei que não havia outra opção a não ser recusar educada e humildemente a nomeação de Oguiã para seu sucessor. A seguir convenceram o mais novo e agora Babalaxé que ele tinha muitos anos de iniciado, uma "mentira branda" que tentaram espalhar e estender por outros reinos e que ele havia se tornado o próprio Rei morto renascido e preparado para substitui-lo. É do humano tentar mudar uma narrativa, mas é da verdade que ela se mostre, e alguns anos depois, ela voltou... Mas isso é uma outra história.
Os outros irmão mais
velhos se dividiram entre os que não se importaram, os alheios à o que aconteceu, os que ficaram perplexos
com a conspiração e os que não estavam presentes durante a anunciação do Babalaxé e, só depois de algum tempo ficaram sabendo que renegaram o jovem rapaz. Haviam poucos que realmente aceitariam o jovem rapaz comando e sua ascensão como Rei, mas também ficaram todos abismados quando a conspiração instalou a o mais novo no lugar de Elejigbô.
Assim em pouco tempo o reino perdeu seu majestoso poder, sua grandeza e sua força e
a maior parte dos filhos do Rei foram embora, intuindo ou percebendo de fato o erro, enquanto os
que ficaram se afundam numa longa escaramuça para influenciar a sombra do que
antes fora Ejigbô. A obra do antigo Rei fora por vaidade mesquinharia e inconsequencia em grande parte desfeita. E o Axé mesmo fora embora.
O jovem rapaz, munido do poder, da sabedoria e da observação de Oxaguiã, bem
como sua bondade e ética e também do Axé de seu Orixá Ossãe, partiu. Fora
para outras terras com o coração triste pela rejeição e omissão de muitos seus próprios irmãos
mais velhos.
Cercado de alguns outros poucos irmãos mais velhos e a alguns mais novos, além de
seus próprios filhos e súditos fundou seu próprio Reino e lá foi consagrado o Rei Onixegun sob as bênçãos
de Ossãe, Oguiã e de todos os Orixás. Passou a receber conhecimento direto
daqueles que no passado ensinaram Elejigbô e passou a ser conhecido como Babalorixá e assim
cumprir a seu modo o destino como herdeiro do legado de Oxaguiã.
Hoje todos reconhecem e sabem que Onixegun é um Rei tão poderoso, ético
e bondoso quanto fora aquele que o ensinara e que, sempre que quiserem rever
Oxaguiã, basta visitarem o Reino das Folhas e lá o encontrarão. Pois é na Casa da
Força do Senhor da Cura, o reino do Ilê Axé Onixegun, que Oxaguiã se manifesta, come
seu Inhame e dançar o Xirê à tradição Ketu. E assim todos os filhos e filhos dos filhos de Oguiã
entenderão por fim a maior mensagem e os ensinamentos que ele poderia passar:
Amor, harmonia, tolerância, contentamento e paz.
Onixegun é o Rei. Viva o Rei Onixegun.
SEJEMOS TAMBÉM COMO O BAMBU.
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